domingo, 17 de outubro de 2010

Deserto
Na esquina ninguém
e na casa também
Como não sentir nada 
tendo somente esta luz silenciosa por companhia?
E ela não é capaz nem de piscar
para me dar a ilusão de estar viva
E este nada que sinto é pedante
irritante
E o meu próximo ato?
apagar a luz e dormir
Mas me nego e insisto em ouvir
o barulho dos carros na rua
Na verdade devo estar esperando
o sorriso e o beijo de "boa noite" de minha mãe
após adormeço esquecendo, assim, estas sombras 
que se formam na parede quando a luz se apaga
Sombras que por vezes parecem amistosas e acariciantes
quando dançam iluminadas pelo vento
Por outras vejo nelas meus diabinhos fazendo caretas
Quem sabe devo fazer as pases com eles
podendo, então, apagar as luzes!
Mas não é a luz
é o silêncio
Não! não é a luz nem o silêncio
é o vazio
 e não é nem o vazio espacial
é o vazio astral
é uma perspectiva inexistente
para um amanhã e um depois
é a falta de um motivo para querer acordar
quando o relógio despertar.


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